Diante da dificuldade do controle dos fornecedores e da baixa margem sobre os itens de distribuição, algumas grandes redes têm apostado em fornecimento direto dos produtores. Com isso, conseguem melhorar o monitoramento da qualidade de seus itens e os gaps de distribuição na cadeia logística.
Hoje, quando vamos às compras e entramos em supermercados de grandes redes como Extra, Pão de Açúcar e Carrefour, notamos vários produtos, em comunicação visual, identificados como marcas próprias dessas redes. Essa estratégia tem sido efetiva devido com o aumento da margem desses produtos. Isso devido a exclusividade e controle dos produtores, desde a embalagem até sua cadeia de distribuição.
Muitos dos itens desses marcas próprias, como a Qualitá, propriedade do Extra, têm tomado espaço nas prateleiras e se uniram aos produtos das indústrias líderes de mercado. O conceito de marca própria como ponto de convergência entre o varejo e a indústria foi tema de um painel durante o Retail Meeting Days, evento realizado pelo Grupo Padrão.
Produtos da Linha Carrefour, distribuídos e comercializados pela rede Carrefour.
A marca própria é uma terceirização da mão de obra da indústria, de acordo com Allan Gate, Diretor Comercial de marca própria do Carrefour. O investimento em marca própria não evoluiu muito no Brasil. Na Europa, por exemplo, o mercado nesse setor ocupa 30% da fatia total de vendas do varejo.
“No Brasil, é um mercado muito pulverizado e a marca própria tem uma participação de 11, 12% somente. A ideia é sempre evoluir nessa questão e de que a embalagem da marca própria passe ao consumidor o que a gente tem de diferencial para o consumidor, quais são os diferenciais. O ideal é fazer com que a gente retenha esse cliente, que ele não vá para outro varejista”,comenta Allan.
Em 2025, a previsão é que na Europa 50% do que será comercializado sejam produtos vindos de marcas próprias, segundo Neide Montesano, Diretora da Montesano Indústria.
“Varejo e indústria querem reter, fidelizar o seu consumidor e todo mundo tem que trabalhar nisso. Fazer um produto que efetivamente entregue a promessa. A indústria é o começo de tudo e o varejo vai colocar esse produto ou serviço a disposição do consumidor. É um projeto junto, criado junto e para atender o consumidor junto”, comenta a executiva.
Produtos da Linha Qualitá, distribuídos e comercializados pelo Grupo Pão de Açúcar.
Com 300 mil produtos diferentes cadastrados de todos os cantos do país, a Mobly é uma plataforma de e-commerce de móveis. A convergência entre os produtos e a marca própria é um dos referenciais do negócio, afirma Adriana Mota de Avó, Customer Service Director da empresa.
“O que eu entrego para a indústria? Entrego a capacidade de eles chegarem a qualquer lugar do país da maneira mais fácil possível. Tenho conhecimento do que o cliente precisa. Ouvimos o cliente, sabemos que mudando detalhes eu geraria mais satisfação, mais fidelização”, conta Adriana.
As marcas próprias são, segundo a Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro), todo serviço ou produto fabricado, beneficiado, processado e embalado por uma organização que detém o controle e distribuição da marca. Mas como inovar e convergir o lançamento de uma marca própria de um varejista com a indústria?
Allan destaca que é preciso oferecer produtos diferentes dos da indústria. “A marca própria é fidelidade, é preciso fazer cada vez mais produtos diferentes da indústria, do que já é vendido no mercado”, afirma.
Para Neide Montesano, a marca própria é o que vai sustentar o varejo daqui para frente e, com isso, o maior desafio é inovar.
“Nossa veia é inovação. O mundo mudou, as pessoas querem e precisam e a gente tem que entregar a questão do respeito transformado em produto. Não vendemos mais produtos, mas serviço. O que nós venderemos serão serviços, sempre respeitando o ser e o meio para conseguir entregar aquilo que o cliente precisa”, pontua.
Fonte: https://portalnovarejo.com.br/2019/08/marca-propria-futuro-varejo/